terça-feira, 1 de junho de 2010

De volta ao Brasil

Querido Humo,

Espero, sinceramente, que essa carta chegue a suas mãos. Querido amigo imagino que deve estar preocupadíssimo comigo, e que provavelmente já tenha me enviado inúmeras cartas depois da última que recebi (aquela do início do ano). Porém, acontece Humo, que tive que retornar ao Brasil às pressas, e o que imaginei que seria uma viagem de apenas um mês, está se tornando uma volta definitiva. Nem mesmo trouxe todas as minhas coisas, nem devo voltar para buscá-las, vão virar história em algum depósito velho e fedido a mofo. Saudoso Humo, não podia ter idéia da saudade que eu estava do Brasil, nosso país é mesmo muito bonito. Aqui estamos no outono, e Petrópolis está linda e gelada, como de costume nessa época do ano. Semana passada, encontrei-me com Fausto, o vizinho de sua mãe, e ele me passou o seu endereço, que eu não sabia de cabeça, e se perdeu entre as muitas coisas minhas que ficaram pela Europa. Tenho que contar-te que o curso transcorreu bem, que passei por um sufoco, mas consegui terminar o trabalho final. Agora estou decidia a ficar por essa cidade linda até o final do ano,pelo menos, e por aqui me dedicar a escrever meu livro, que por tantos dias seguidos tenho matutado na minha cabeça. É isso mesmo, meu amigo, hei de escrever um romance, cheio de mistérios e amores proibidos. E pode se preocupar, pois a sina de quem se envolve com escritores, mesmo no plano da amizade, é se tornar, mais cedo ou mais tarde, um de seus personagens. E você irá abrilhantar as páginas do meu escrito, batizei teu personagem com o nome de Luís Henrique, o que acha? Devo escrever também sobre Laura. As coisas ficaram estranhas por lá, sinto saudades, ela me faz falta todos os dias, mas devo esquecê-la em breve. Esses rompantes de paixão não duram comigo, você bem sabe. Vovó está doente, e como não poderia deixar de ser, me prontifiquei a ficar com ela e ajudá-la no que for necessário. Vovó fez muito por mim, e a amo mais que tudo. Aproveitando que quero me dedicar ao livro, resolvi ficar com ela, nessa casa inspiradora. Até porque não confiaria a ninguém a tarefa de cuidar da minha velhinha preferida. Estou pensando em escrever um pouco sobre nossa juventude aqui em Petrópolis e nossas aventuras no Rio de Janeiro. Talvez assim começar o livro, o que você acha? Ainda não consegui pensar em um título, mas acho que isso não tem importância agora. Com o tempo deve surgir naturalmente. Aguardo por suas novidades, me responda nesse endereço.

Um abraço apertado,

Branca

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